quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Para TVA, este será o ano do HD no vídeo.

Por TeleSíntese

Com cerca de 700 mil assinantes, bem atrás da líder – a Net fechou 2009 com 3,69 milhões de assinantes –, a TVA diz que, para crescer, além de investir na expansão de suas redes, precisa que a Anatel homologue os equipamentos para lançar a rede WiMAX em 2,5 GHz e lance os leilões para novas licenças de TV a cabo. Leila Lória, presidente da empresa, explica, nesta entrevista, por que essas medidas são importantes para a empresa e para o mercado, que cresceu perto de 20% em 2009 e deve manter o ritmo este ano. Até em função da Copa do Mundo. E em ano de Copa a grande demanda, estima Leila, será por vídeo em alta definição. “Já começamos a oferecer no ano passado, a não ser no DTH, mas havia pouco conteúdo”, observa. Com mais oferta, novos pacotes serão oferecidos.

Tele.Síntese - O Brasil fechou 2009 com 7,47 milhões de assinantes da TV paga, um crescimento de 18,24% na comparação com 2008. Para a TVA o desempenho acompanhou o mercado?
Leila Loria - Eu não posso falar de números, mas foi um ano bom. Tivemos o período do Speedy (suspensão do serviço por dois meses) que nos atrapalhou nas vendas. Esse crescimento se deve ao fato de o mercado ter se tornado 'empacotado'. Hoje, não se consegue mais distinguir o que é TV por assinatura do que é banda larga. Mesmo assim, 2009 foi um ano muito bom para a TVA por várias razões: integramos mais com a Telefônica do ponto de vista comercial, lançamos os canais Telecine, passamos a ter todos os canais da Globosat, lançamos HD (high definition), video on demand. Eu diria que, no ano passado, nós construimos uma estrada, junto com a Telefônica. Agora temos o cabo, o MMDS, o DTH e o IPTV, ou seja, toda a infraestrututa para passar vídeo. Em 2009, integramos essas plataformas de vídeo e isso é importante para o mercado, porque, para o consumidor, tanto faz a tecnologia pela qual o serviço chega em sua casa. Mas, em termos de mercado, a diversidade ajuda porque onde tem cabo, vamos com cabo, onde não tem, vamos com DTH e assim por diante. O último passo, que ficou para 2010, é lançar o HD no DTH. Os canais abertos, inclusive, estão em todas as plataformas, assim como os canais Telecine, o serviço de pay per view e, no caso, da fibra, o video on demand.

Tele.Síntese - E qual a expectativa para 2010? A tendência é continuar na linha do empacotamento?
Leila - Primeiro, é o ano do HD por causa de Copa do Mundo, então, vamos ampliar essa oferta. No ano passado, embora tenha se iniciado a oferta de HD, não havia tanto conteúdo. Uma tendência que a gente vê no vídeo é a qualidade, sinônimo de HD. Eu diria que estamos no processo de transição do standard definition para o high definition. Do ponto de vista do cliente, a tendência é mais o empacotamento. E a nossa proposta é oferecer maior flexibilidade possível. Não é fácil porque envolve sistemas mas queremos ter o pacote mínimo e básico e deixar que a pessoa escolha o quiser, seja mais banda, seja mais canais de filme, futebol, etc, flexibilidade.

Tele.Síntese - Você falou em Copa. Como a TVA está se posicionando para a Copa do Mundo e as Olimpíadas? Há problemas com a Globosat?
Leila -
A Globosat provavelmente vai lançar o Sport TV HD que ainda não tem. Ela tem uma parte da programação e nós vamos ter o Sport TV HD. A Copa tem uma característica um pouco distinta porque não tem a exclusividade de ninguém. Vamos ter os canais abertos e os canais fechados. Em HD a Globo vai transmitir e teremos outros canais de nossos parceiros. A ESPN lançou agora um canal em HD que ainda estamos negociando, mas para a Copa HD com certeza será mandativo.

Tele.Síntese - E como serão os planos para a oferta de mais interatividade? Haverá também uma integração na oferta de serviços com a Vivo?
Leila -
Interatividade sim mas não só com a Vivo, com todas as operadoras. Hoje já é possível comprar pay per view pelo celular, aviso da programação no celular e interatividade vamos usar cada vez mais. Estamos querendo fazer um projeto de interatividade junto com o Speedy, usando o nosso portal. Nós temos agora o Imagine, um canal de notícias da programação, cujo conteúdo está também numa revista impressa e estará em breve num portal. Temos as três plataformas (canal de TV, revista e o portal). A ideia do portal é trazer mais interatividade tanto para o canal quanto para a revista. Os três produtos estão centrados em quatro pontos: entretenimento, tecnologia, relacionamento e institucional.
 
Tele.Síntese - O Tribunal de Contas da União pressiona para que a Anatel estabeleça o preço das 11 outorgas de MMDS que foram prorrogadas por mais 15 anos e concedeu o prazo de até 16 de fevereiro para que esse preço seja definido. Como a TVA vê essa questão? Na sua opinião ainda há chances de reverter a destinação das faixas de frequência de 2,5 GHz para o MMDS?
Leila -
Acho que é possível (reverter a destinação da faixa) porque da forma como está, com 60 MHz, é inaceitável. Perdemos praticamente dois terços da faixa. O problema é que a Anatel tem esse prazo e ela não pode definir preço sem definir a utilização da faixa. E a resolução 429 deixa claro que essa é uma faixa multisserviço. Quando eu estava na Abril ouvia que a TVA não tinha capacidade de investimento e, agora, depois de fecharmos parceria com a Telefônica, uma empresa de tele com capacidade de investimento, a Anatel segura o uso da frequência não homologando equipamentos. Nós estavamos apostando muito nessa tecnologia sem-fio para ampliar o serviço de banda larga. E com a Telefônica apostavamos ainda mais em ter o WiMAX como tecnologia de acesso. Esse era todo o plano, nosso e de outras operadoras. Na nossa visão, o preço tem que ser definido com base na resolução 429.

Tele.Síntese - O que leva você a acreditar que pode haver uma mudança na questão da frequência?Leila - Pela agenda do governo hoje. Banda larga sem-fio viabiliza a chegada do serviço nas áreas ainda não atendidas. As operadoras móveis estão dizendo que não estão comprometidas com o plano nacional da banda larga. Agora, não é através de um device móvel que a gente vai melhorar o acesso de banda larga nesse país. Chegaremos nas regiões mais distantes com tecnologia sem-fio. É claro que a gente sabe que algum espectro a gente vai perder, mas é inaceitável da forma como foi colocado. O que a gente quer apenas é que se garanta a resolução 429 que, depois de muita discussão, da consulta pública, foi aprovada e está ai. Claro que a retirada de espectro já estava potencialmente prevista mas não nessa proporção.

Tele.Síntese - Mesmo que as operadoras possam usar mais espectro, redes WiMAX enfrentam o problema de falta de escala, o que torna o equipamento do assinante bastante caro. Como popularizar a banda larga com essa tecnologia?
Leila -
A certificação dos equipamentos é uma questão política. Ainda não aconteceu, não por problema técnico, mas porque na hora em que você coloca o assinante, toma conta do espectro. O custo não é tão competitivo, é uma tecnologia ainda em desenvolvimento, mas já tem cotações por um terço do preço dos primeiros equipamentos lançados. E, se compararmos com o LTE, o WiMAX está muito mais avançado, LTE só estará pronto em 2012. Eu não tenho preferência por tecnologia. Se o LTE estiver mais avançado, vamos de LTE; no entanto, o WiMAX hoje tem um custo muito mais competitivo do que o LTE. O que a gente quer entender, e a Neotec tem brigado por isso, são as razões de tirarem todo o espectro de operadores que querem investir.

Tele.Síntese - Qual a posição da TVA sobre venda de novas licenças de TV por assinatura? A empresa participaria do leilão?
Leila -
Temos pedido há alguns anos licenças para o interior de São Paulo. Se tiver um leilão, com certeza vamos comprar novas licenças. E isso é fundamental para crescer nesse mercado de multisserviços.

Tele.Síntese -
TVA e Telefônica anunciaram, no ano passado, a oferta de vídeo por meio de sua rede de fibras ópticas para 200 mil domicílios na capital paulista. Como foi essa experiência e quais são os planos de expansão?
Leila -
Da mesma forma que o WiMAX, o vídeo IPTV -- aliás, não chamo mais de IPTV porque o vídeo na Internet pode ser tudo --, o vídeo sobre fibra é uma tecnologia muito nova. Na nossa experiência, do ponto de vista de qualidade de vídeo, capacidade de banda, de conveniência para o cliente, interatividade, deu tudo certo. A oferta é imbatível do ponto de vista de vídeo. Mas estamos fazendo alguns ajustes e um ug grade na plataforma, da Alcatel-Lucent, para acelerar, ter mais velocidade, principalmente na troca de canais. Feito isso, vamos relançar o produto, que é fantástico, este ano. Não aceleramos as vendas ainda por conta desse up grade, queremos deixar tudo redondinho, para oferecermos mais alguns benefícios.

Tele.Síntese - Em HD a oferta da TVA ainda é pequena?
Leila - Tem pouca coisa. Como eu disse não tem tanto conteúdo HD disponível no mercado. Em 2009, os programadores começaram a se posicionar e nós fomos lançando na medida em que havia oferta. Este ano vamos relançar um pacotão HD. No primeiro semestre, a gente vai focar em esporte, por conta da Copa do Mundo, e em filmes. Você sabe quais são os conteúdos mais importantes de HD no mercado? Os conteúdos abertos, novelas, jogos...

Tele.Síntese - Fora isso, quais são outros focos da TVA para 2010? Leila - Com certeza mais interatividade. No Ajato, que é um serviço de banda larga que a gente opera, já estamos com oferta de 16 megas e queremos ampliar a área de operação.

Tele.Síntese - Qual a estratégia para ampliar a área de cobertura no cabo, na cidade de São Paulo, uma vez que nos prédios onde a NET está, a TVA não consegue chegar, e vice-versa, por uma questão de espaço fixo para passar os cabos?
Leila -
De duas formas. A primeira, temos uma parte da rede que ainda não é bidirecional. Apesar de estar no prédio não oferece a banda larga, é isso que estamos analisando para ampliar a cobertura da banda larga na cidade de São Paulo. Existe essa questão da limitação, quando não conseguimos entrar no prédio, ai não tem jeito. Mas, além de desses prédios, antigos, tem muito prédio novo na cidade. Então, ampliação vai se dar tanto na rede interna quanto na externa. Essa meta de ampliar a cobertura engloba a oferta de pacotes e há casos em que vamos fazer a ampliação usando o Speedy.

Tele.Síntese - Uma ampliação fora da cidade de São Paulo só com novas licenças?
Leila -
Sim. Temos no Rio o MMDS só com o vídeo e dependemos do WiMAX para ampliar a oferta de serviços. O mesmo acontece em Curitiba e em Porto Alegre. Estamos no aguardo da definição do WiMAX. Temos equipamentos em estoque há três anos ...

Tele.Síntese - No total, considerando todas as tecnologias, quantos assinantes tem a TVA?
Leila -
Considerando o DTH, o IPTV e o MMDS, próximo de 700 mil assinantes.

Tele.Síntese - E o PL 29? Você tem expectativa de que o projeto será aprovado neste ano?
Leila - Vamos ver se 2010 será o ano do PL 29. Em 2009 teve um avanço bom, o Lustosa (deputado Paulo Lustosa, relator do projeto) teve uma atuação fantástica e agora o projeto está na CCJ e vai para o Senado. Claro que ter o PL 29 aprovado é muito melhor do que a situação de hoje, de indefinição, mas a questão de cotas não é benéfica para nenhuma indústria -- o serviço de TV por assinatura é tão pequeno para se estabelecer cotas --, fora a força que está sendo dada para a Ancine (...) Já temos a Anatel e o Minicom, com outro ministério envolvido ficou meio complexo. A minha avaliação é que está amarrando muito a indústria. Tanto a parte de cotas quanto a burocracia da Ancine não são boas. Fora isso, o PL 29 é muito positivo e a gente espera que este ano ele saia, mesmo que com cotas. É melhor ter um PL 29 do que não ter porque a situação atual é de paralisia.

Tele.Síntese - E a banda larga popular? A participação da TVA fica restrita a oferta da Telefônica?
Leila -
A nossa oferta já é a que está sendo feita pela Telefônica, usando a rede do Ajato. Com o WiMAX, o programa da Telefônica seria muito ampliado.

Tele.Síntese - Em relação aos investimentos, o que está planejado para este ano? Leila - Nossa ideia é que este ano tenha mais investimento em todas as plataformas - no vídeo sobre a fibra, um produto que ninguém tem no mercado, video on demand, no DTH vamos lançar o HD, no cabo também teremos investimento e no MMDS depende do governo.

Tele.Síntese - E os serviços de atendimento, a parte de call center, terá investimento?
Leila - Nosso sistema na TVA é um sistema integrado de gestão do assinante, vai desde a prospecção, passando pela venda, tudo está integrado. E estamos investindo mais para poder dar a flexibilidade que queremos dar.

Tele.Síntese - E call center?Leila - O call center realmente é um desafio mas temos tido pouco problema porque reforçamos a área de instalação e de assistência técnica, com hora marcada, e isso alivia o call center.

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